quinta-feira, 12 de março de 2020

O MEDO DO DEDO * Por Jonas Francisco Muchanga - Moçambique

O MEDO DO DEDO



Caminhas no escuro Falas o que não pensas
E pensas o que não falas. Pensas o certo e fazes o errado.
Estas vivendo uma vida fantasia Não vives o teu ser.
Foi formatado o teu mundo dos sonhos
Vives o mundo do pão alheio.
Prevaricas os teus princípios para garantir a roubalheira alheia.
Calas no meio de tantos gritos de liberdade.
Te julgas acadêmico
E com nenhum princípio douto.
Pois pensas como analfabeto.
Tudo por medo do dedo.
Danças a música do outro
Esqueceste o teu juramento da formatura. 

Juraste servir o povo, a sociedade e o mundo no geral.
Juraste aplicar na pratica as teorias nutridas na academia
E hoje desmemorias o teu juramento por
medo de ser apontado o dedo.
Serves com zelo e sabedoria a mentira,
a desgraça á sociedade e sem cessar
Serves com zelo a tua própria paupérie.
Deputado, advogado, juiz, professor, médico,
engenheiro, psicólogo, sociólogo, jornalista,
antropólogo, pedagogo, polícia, militar e mais.
Tu, nessa cadeira e nesse cargo, aceitaste servir
a sociedade e hoje com maior zelo serves
interesses pessoais.
Em nome de bons carros, boas mansões
e mais mordomias, esqueces a maioria
e serves a menoria.
Decepcionas a te e a quem esperava o melhor de te.
Ganhas riqueza E concantenas a pobreza mental.
Quem assiste a tua conduta
Te olha com olhos escuros e vermelhos e teu mundo material,
não te traz felicidade enquanto a tua consciência
gritar pelo socorro. Muitas lagrimas caiem, em
nome de uma simples promoção singular. Muitas
almas perdem-se em nome do teu silêncio.
Muita coisa pará, somente para andar a vida de meia dúzia e mera súcia. 

Teu silêncio equivale milhões de mortes
E enquanto teres medo de ser apontado o dedo
A sociedade será apontada a cova.
Aquele que não tem a espada
para lutar, contigo ira morrer.
E mesmo assim, teu silêncio
não te trará franquia.
Cala e sinta a razão a flagelar teus pulmões 

E a verdade a sufocar a tua caximónia.
Ignora o dedo que te aponta e faça a coisa certa.
Se morreres fazendo algo certo,
tua vida continuara vivida... 

O medo também mata no silêncio...

Por Jonas Francisco Muchanga
Moçambique

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Aniversário de Maria Firmina dos Reis * Antonio Cabral Filho - RJ

Aniversário de Maria Firmina dos Reis
Parte do corpo de Pesquisadores de Maria Firmina dos Reis que compareceram ao evento para receberem diplomas de Mérito Cultural.
Programação
Vídeo da apresentação da Cantora
Socorro Lira
cantando poemas de Maria Firmina dos Reis.
O evento é uma  homenagem ao Dia da Mulher Maranhense, 11 de março, quando é comemorado o aniversário de nascimento de Maria Firmina dos Reis.
Programação
/\
Mais Maria Firmina dos Reis
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sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Concurso 1ª Antologia 200 Trovas Sobre Rapariga * Antonio Cabral Filho - RJ

Antologia Brasil Literário
-blogdosquadrinhos-
Promove o Concurso
1ª ANTOLOGIA 

200 TROVAS SOBRE RAPARIGA

Art. 1º - DO CONCURSO 

O concurso 1ª Antologia 200 Trovas Sobre RAPARIGA, idealizado, promovido e organizado pelo escritor Antonio Cabral Filho, tem a palavra  RAPARIGA apenas como tema central, podendo versar sobre quaisquer assuntos correlatos,desde que a palavra conste do texto.

Art. 2º - DAS INSCRIÇÕES

Poderão se inscrever somente autores brasileiros, maiores de 18 anos, residentes no Brasil, com até duas (2) trovas por participante.

§ 1º - A inscrição é gratuita. Será aceita no período de 15 de março a 15 de agosto de 2017, com o envio das trovas em Time New Romain tamanho 14, espaço simples e resumo biográfico em cinco linhas digitados no corpo do e-mail antologiabrasiliterario@gmail.com, dirigido à  1ª Antologia 200 Trovas Sobre Rapariga, Org. Antonio Cabral Filho.

§ 2º - As trovas, escritas em língua portuguesa, devem ter:

a ) obrigatoriamente, métrica setessilábica;

b ) rima, que poderá ser abab, abba ou aabb;

c ) os necessários sinais de pontuação;

d ) letras maiúscula, somente, no início das frases que compõem os versos.

Art. 3º - DA COMISSÃO JULGADORA

A Comissão Julgadora é soberana em suas decisões e conferirá notas de 0,1 a 10 cujo resultado será irreversível. As trovas classificadas,  até o limite de DUZENTAS (200), participarão da 1ª Antologia 100 Trovas Sobre Banheiro, cabendo,  aos autores a responsabilidade quanto à autoria e inscrição do texto.

Art. 4º - DA 1ª ANTOLOGIA 200 TROVAS SOBRE RAPARIGA

A 1ª Antologia 200 Trovas Sobre Rapariga terá 100 páginas destinadas às trovas classificadas, o equivalente a uma (1) página por autor, antecedidas de dez (10) páginas a cargo da Comissão Julgadora, resultando em um livro de 110 páginas, em formato e-book (livro digital) que será entregue, via e-mail, aos participantes. A todos, que se interessarem, estará disponível gratuitamente via internet. Será publicado no blog: ANTOLOGIA BRASIL LITERÁRIO
Ficará a cargo dos autores a livre divulgação em outros espaços.

Art. 5º - DAS RESPONSABILIDADES

O promotor do concurso informa que o ato de inscrição significa aceitação das normas, acima expostas, e a consequente liberação da obra para integrar este certame. A divulgação dos resultados será publicada no blog ANTOLOGIA BRASIL LITERARIO, de propriedade do promotor do evento, até 15 de setembro de 2017, seguida da publicação e envio do livro aos autores, conforme Art. 4º .
Parágrafo 1º - Todos os inscritos terão os trabalhos publicados, um em cada postagem, no blog do concurso.
Parágrafo 2º - Em caso de prorrogação da data de inscrições, todo calendário seguirá o devido trâmite.
Parágrafo 3º - As decisões da Comissão Organizadora são soberanas e os casos omissos serão resolvidos pela mesma.

COMISSÃO ORGANIZADORA

Rio de Janeiro, 15 de março de 2017 
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Obs.: Quem quiser se adiantar enviando suas trovas desde já, pode fazê-lo
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domingo, 1 de março de 2015

Concurso 1ª Antologia 100 Trovas Sobre Cachaça * Antonio Cabral Filho - RJ

Antologia Brasil Literário
Promove o Concurso
1ª Antologia 
100 Trovas
Sobre Cachaça
http://antologiabrasilliterario.blogspot.com.br/ 
*
Organização
Antonio Cabral Filho

Rio de Janeiro – RJ 
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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

CONCURSO INSCRIÇÕES GRÁTIS 1ª ANTOLOGIA 100 TROVAS SOBRE FUTEBOL * ANTONIO CABRAL FILHO - RJ

INSCRIÇÕES GRÁTIS


ANTOLOGIA BRASIL LITERÁRIO
promove  o concurso

1ª ANTOLOGIA CEM TROVAS SOBRE FUTEBOL
*

Art 1º - DO CONCURSO: 

O concurso 1ª Antologia 100 Trovas Sobre Futebol, é concebido, promovido e organizado pelo escritor Antonio Cabral Filho e tem o futebol apenas como tema central, podendo versar sobre quaisquer assuntos correlatos. Será exigido cumprimento de métrica setessilábica e rima abab, abba e aabb.

Art 2º - DAS INSCRIÇÕES: 

INSCRIÇÕES GRÁTIS e poderão se inscrever apenas autores brasileiros residentes no Brasil maiores de 18 anos, entre 15 de outubro de 2014 e 15 de janeiro de 2015, VIA EMAIL, com apenas uma (1) trova em língua portuguesa. No ato da inscrição, o mesmo remete o texto digitado em times new roman 14, resumo biográfico de cinco linhas, a Antonio Cabral Filho, pelo email antologiabrasiliterario@gmail.com,  dirigido a 1ª Antologia 100 Trovas Sobre Futebol, Org Antonio Cabral Filho.

Art 3º - DA COMISSÃO JULGADORA:

A Comissão Julgadora é soberana em suas decisões, e conferirá notas de 0,1 a 10 e seu resultado é irreversível. Os autores classificados até a quantia de cem (100) farão parte da 1ª Antologia 100 Trovas Sobre Futebol, cabendo aos mesmos a responsabilidade quanto a autoria e registro do texto inscrito.

Art 4º - DA 1ª ANTOLOGIA 100 TROVAS SOBRE FUTEBOL

A 1ª Antologia 100 Trovas Sobre Futebol terá 100 páginas destinas aos autores classificados, portanto uma (1) página por autor, em formato e-book - livro digital - que será entregue via e-mail, antecedidas de dez ( 10 ) páginas a cargo da Comissão Julgadora, o que resulta em um  livro de 110 páginas. O livro 1ª Antologia 100 Trovas Sobre Futebol será publicado no blog ANTOLOGIA BRASIL LITERÁRIO
http://antologiabrasilliterario.blogspot.com.br/ 
ficando a cargo dos respectivos interessados a divulgação em outros espaços e disponibilizado gratuitamente via internet.

Art 5º -  DAS RESPONSABILIDADES:
O promotor do concurso informa que o ato de inscrição significa aceitação das normas acima expostas e a consequente liberação da sua obra para integrar este certame. A divulgação dos resultados será publicada no blog ANTOLOGIA BRASIL LITERARIO,  de propriedade do promotor do evento, até 15 de fevereiro de 2015, seguida da publicação e remessa do livro a todos seus autores, conforme Art 2º.
Parágrafo Único: Todos os inscritos serão publicados um em cada postagem no blog do concurso.

COMISSÃO ORGANIZADORA
Rio de Janeiro, 15 de outubro de 2014
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domingo, 21 de setembro de 2014

CANTIGA PARA CASSIANO NUNES * ANTONIO CABRAL FILHO - RJ


Mestre Cassiano Nunes - Internet
*
Recebi poemas durante anos
do Mestre Cassiano Nunes
e saía com eles pra rua,
levava para os eventos
e lia para os amigos
nas rodas e recitais,

e quando soube da sua morte,
levei um baque; e agora (?),
pensei, mas certo de não ter resposta,
segui de garganta seca.

Senti por não fazer acervo
de tantos poemas que recebi
sempre com dedicatórias
Ao Poetamigo Antonio Cabral Filho,
mas me desfiz deles após
lê-los para o meu público
e publicá-los em meus fanzines.

E a falta que sinto agora,
seja dos poemas ou do poeta,
é a satisfação que vai comigo
enquanto eles se foram
para outras vidas e outras formas.

Mas quando alguém perguntava
após a leitura de um poema
quem era Cassiano Nunes,
eu respondia todo enrolado:
É um paulista nascido em Santos
que foi pra Brasília
e nunca mais saiu de lá!
***

domingo, 3 de agosto de 2014

PEDRO GIUSTI ENTREVISTA ANTONIO CABRAL FILHO # ANTONIO CABRAL FILHO * RJ

*
MOMENTO LITERO CULTUAL - SELMO VASCONCELLOS  - RO
ANTONIO CABRAL FILHO

"O poeta é um romântico revolucionário em tempo integral."
__________________________________


Entrevistador:
 PEDRO GIUSTI, poeta e trovador maranhense. acesse-o
http://pedrogiusti.blogspot.com.br/
***


P: Quem é Antonio Cabral Filho?
R: Gosto deste modo de perguntar; porque é frontal e permite uma resposta extensa ou sucinta; mas prefiro esta: Sou Antonio Cabral Filho, que em vossa presença emigra; do pinto que não quer milho, João Cabral que lhe diga.



P: Como começou a escrever? Teve influências familiares?
R: Durante a catequese no meio rural em que vivi até aos quinze anos, é comum o uso das formas literárias e musicais populares; e foi aí, dentro da igreja que fiz contato com a poesia, fazendo quadras para cantar durante as aulas de catecismo, em sua maioria, dedicadas a Nossa Senhora. E, como não podia deixar de ser, minha maior instrutora foi minha mãe, que ainda canta "Ìndia, seus cabelos nos ombros caídos, negros como anoite que não tem mais fim..." como ninguém.



P: Por que poesia?
R: A poesia é meu forte, em função da objetividade com que ela serve para dar a resposta certa na hora certa ao interlocutor certo...



P: Como o poeta se coloca no mundo?
R: No meio da arena, com uma espada em cada mão...



P: Como é seu processo de criação? Existe inspiração?
R: Relâmpago, como agora; a resposta é medida pela pergunta. Inspiraçâo?  "Por Deus e por todas as coisas em que não creio, minha sombra fala, mas não no creio." (O Viandante e Sua Sombra - Nietzsche)


P: Atualmente, para quem os poetas escrevem?
R: Não somente os poetas, mas todo escritor escreve para si mesmo.


P: A arte é própria dos artistas ou todo mundo é artista?
R: Ferreira Gullar fala sobre isso o tempo todo e eu concordo: Todo mundo é artista. O que diferencia os "artistas" do seu conjunto (humanidade) é a sensibilidade com referencia a sua criação: Jamais existirão dois "Fernando Pessoa".


P: Despertar para a literatura é despertar para si mesmo?
R: Na medida em que seja despertar para o Mundo, sim.



P: A arte contribui para melhor compreensão do mundo?
R: Arte é integração da pessoa com o Mundo, e, na medida em que despertamos para nós mesmos, rompemos o processo alienante e nos tornamos sujeitos, frente a nós , portanto frente ao mundo.



P: Crê que a poesia, mesmo a não engajada, é um agente de
transformação pessoal? E social?
R: Até Marx já falou sobre isso: Um bom poema de amor é engajado na medida humana do Amor, uma vez que ELE resgata a pessoa na dimensão individual e a transporta para o coletivo ante a pessoa amada.


P: Acha importante o intercâmbio entre os escritores e seus leitores?
R: É a maior "oficina" do escritor; pois se recebe contribuições fantásticas, às vezes sem a menor pretensão.


P: Como vê os prêmios, concursos, eventos e afins? Contribuem
realmente para melhor literatura e formação de público?
R: Como palcos da produção, onde se realizam as suas concretudes, uma vez que "vender" uma ideia ou um produto depende desses dois componentes: A VIA de acesso e o DESTINATÁRIO.


P: A internet disseminou a literatura? Como vê os sites, blogs? Como
alteram a relação entre escritor/público?
R: A INTERNET assustou muita gente; a mim inclusive, que desmontei uma livraria e distribuidora em 1992, por trabalhar, basicamente, com livro didático, o mais "xerocado" e "baixado" do mundo; no entanto, para a literatura, ela representa um espaço ilimitado, pois permite acesso a mais pessoas e combate o preço final do livro impresso. Os blogs são "nossos fanzines" de outrora, tão guerreiros, buscando sempre mais adeptos/fãs/colecionadores...



P: Considera os saraus importantes para a socialização da poesia?
R: São fantásticos espaços de encontro entre escritores, leitores, boêmios, personagens etc


P: Como vê a literatura atual? Quais seus novos autores preferidos?
R: A literatura atual, brasileira, é sucesso de ponta a ponta do territótio nacional, dadas as suas necessárias proporções; hoje ficou mais difícil ser "best-seller" na metrópole, mas de certa forma, todos o são nas suas províncias...
Sobre os "Novos Autores", fica difícil destacar alguém, justamente devido ao grande número de gente publicando.

*
P: Deixe um pequeno currículo.
Antonio Cabral Filho publicou até agora ECCE HOMO, poesia, 1997; DUELO DE SOMBRAS, poesia, 1999; VER...SO CURTO&GROSSO, poemas piadas,2006; CD/DVD DEPOESIA, 2008, CINZA DOS OSSOS, poesia, 2009...

Coletâneas: POETAS DA CIDADE DE NITERÓI, poesia, 1992; ANTOLOGIA POÉTICA 2 -UFF/Eduff, poesia 1996; POETAS 10engaVETADOS, poesia, 1995; BRASIL LITERÁRIO 2007/2010; ANTOLOGIA 13 POSTAL CLUBE, poesia, 2011; FANTASIAS, coletânea de contos, crônicas e poesia, 2011, ALPAS21; POETAS EN/CENA 6 BELÔ POÉTICO 2012. Em programação: ANTOLOGIA DE POETAS BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS, pela Ed. Pimenta Malagueta/Elenilson Nascimento...

*
Contato:



E-mail: letrastaquarenses@yahoo.com.br
Blog: letrastaquarenses.blogspot.com.br 

*
Pequena mostra da poesia de Antonio Cabral Filho

HAICAIS

Das copas floridas,
despencam só broches de ouro:
Ipês amarelos.
*
No cinzeiro cheio,
a prova do que serão...
Só quero aplaudir...
*
Canto da Uiara,
lá bem no ermo da floresta:
Quem ouve, não volta.
*
Na dança do fogo,
chamas devoram desejos:
Sagração do rogo.
*
Pleno meio dia,
nenhuma nuvem no céu:
Verão implacável.

TROVAS

Trem é coisa de mineiro,
mas é meio de partida;
leva o pai ao estrangeiro,
deixando a mãe desvalida.
*
Quem criou obras tão belas
como o luar das Gerais,
fez da mulher uma delas,
mas pra si tem algo mais...
*
Minas é demais da conta,
é terra das emoções;
pois só ela tem "Três Pontas"
e até "Três Corações"

*
Todos cantam sua terra,
também vou cantar a minha;
mas no meu verso se encerra:
- Minas Gerais é rainha!
*
POEMAS PIADAS

DESEMBUCHE

Oh meu caro Gabo,
tenha a santa paciência;
ninguém aguenta mais
"Cem Anos de Solidão!"
*
MACUNAIMAICAI

Sacrifício algum
vale prazer mais intenso
que matar o tempo.
*
MILITÂNCIA

Os meus sonhos de 68
acabaram em 69
nas areias de Ipanema
com uma loura bem suada.
*
SARRO

Poema feito nas coxas
é igual a mulher bonita:
Não precisa entender o enredo,
basta gostar do arranjo.
*
ELEGIA DE AUGUSTO DOS ANJOS

Fui ler Augusto dos Anjos,
mas assim logo de cara
fiquei que nem os arcanjos
caçando "Escarlete Ohara".

Pareceu-me um Frankenstein,
Drácula sem Baviera;
Por mais que vocês estranhem,
achei bem pior do que era.

Mas depois eu me dei conta,
tanta riqueza linguística
cuspida por gente tonta

sem apreço com estilística,
fora os burros sem cabrestos
aos coices pelos seus textos.
*
ESPELHO DE SOMBRAS

Por sobre os ombros
os olhos fitam o mundo
refletido no espelho
através da janela...
O corpo imerso no dia convulso
insensível aos suicídios
e ao calor das discussões
não figura, não é mais nem menos
na paisagem alheia.
O pintor no atelier
não o notaria pousado na folha
branca sobre a mesa.
O dia cheio de mecanismos
é tudo que cabe no espelho;
O resto, os olhos não podem ver...
***